O cancioneiro brasileiro foi tomado, de súbito, por uma notícia pesada, triste e difícil: uma das mulheres mais importantes da musica nacional, voz marcante da MPB e cheia de atitude e graça calou-se para sempre. Gal Costa, 77 anos e dona de uma carreira rica e obrigatória no som feito no Brasil, morreu na manhã desta quarta-feira (9). A informação foi confirmada pela assessoria de imprensa da artista e a causa da morte ainda é desconhecida.
De acordo com a equipe da cantora, Gal recuperava-se após a retirada de um nódulo na fossa nasal direita ocorrida em setembro e, até o final deste mês, ela estaria fora dos palcos. Ela estava confirmada para o badalado Primavera Sound, festival acontecido em São Paulo no último fim de semana, mas cancelou a participação de última hora por conta das recomendações médicas. Inclusive, ela ainda não havia voltado aos shows mesmo tendo datas da turnê “As Várias Pontas de uma Estrela” já marcadas para dezembro e janeiro.

Maria da Graça Costa Penna Burgos, a Gal para a musica brasileira, nasceu em Salvador (BA) em 1945. Sempre foi incentivada pela mãe a mergulhar na música e ausente da figura do pai, morto quando ela ainda era adolescente. Seu primeiro trabalho foi como balconista de uma loja de discos na capital baiana e, no início dos anos 1960, ela foi apresentada a Caetano Veloso, inicio de uma amizade e parceria musical que durou até hoje,
A irmã de Caê, Maria Bethânia, e Gilberto Gil também foram parceiros gigantes que, de mãos dadas com Gal, promoveram uma revolução de voz e costumes no som brasileiro, sobretudo no final dos anos 1960, atrelado ao tropicalismo e as novas nuances da MPB, misturadas com cor e trazendo, consigo, o viés político as escondidas e em tempos de ditadura. A reunião do quarteto deu vida ao supergrupo Doces Bárbaros, que levou justo esse novo sabor musical a quase todo o país, além do disco “Tropicália ou Panis et Circencis“, marco musical nacional.

Leve, colorida, docemente sarcástica e com canções que flutuavam entre o amor e o frescor do mar ou da mata, Gal gravou 30 discos de estúdio e outros 12 discos ao vivo, além de inúmeros especiais, shows registrados e colecionou prêmios e indicações no Grammy Latino, Prêmio Multishow, Prêmio da Musica Brasileira, entre outros, além de ser eleita como a sétima maior voz da música brasileira pela revista Rolling Stone Brasil em 2012.
Uma trajetória rica, gigante, um gosto de loucura, sutil sensualidade e leveza em cada som, a partida de Gal Costa é uma lacuna difícil de preencher, e a lembrança e marca deixada pela baiana na musica brasileira é impossível de apagar, apenas ser inspiração e luz para tantas novas gerações a caminho.
Gratidão, Gal!