Luto na musica brasileira. A MPB perdeu um de seus mestres mais autênticos e experimentais. O músico Jards Macalé morreu nesta segunda-feira (17), aos 82 anos, no Rio de Janeiro. O artista tratava problemas pulmonares em um hospital na Barra da Tijuca e sofreu uma parada cardíaca. A equipe do cantor confirmou a notícia, revelando um detalhe que define seu espírito: Macalé acordou de uma cirurgia recente cantando “Meu Nome é Gal”. A postagem o definiu como “mestre, professor e farol de liberdade”.
Nascido Jards Anet da Silva, ele ganhou o apelido de “anjo torto” da música brasileira. A alcunha captura a postura artística, sempre avessa aos padrões comerciais. Desde os anos 1960, ele recusou o óbvio, misturando gêneros de forma única. Seu álbum de estreia homônimo, de 1972, é um divisor de águas. Ali, Macalé consolidou sua estética híbrida, fundindo rock, samba, jazz, baião e canção. É dele o clássico “Vapor Barato”, eternizado nas vozes de Gal Costa, Maria Bethânia e O Rappa.
Também assinou “Hotel das Estrelas” e “Gotham City”, esta última apresentada em polêmica performance no festival de 1969. Foi um parceiro frequente de poetas, como Waly Salomão e Vinicius de Moraes. Um capítulo crucial de sua história foi o exílio em Londres. Lá, Jards Macalé assumiu a direção musical de “Transa”, álbum icônico de Caetano Veloso. Caetano lamentou profundamente: “Sem Macalé não haveria Transa. Estou chorando”.
Sua carreira de 60 anos não se limitou à música; ele atuou no cinema e no teatro. Sempre com seu violão singular e voz marcante, manteve o vigor criativo até o fim, lançando o aclamado “Besta Fera” em 2019.




