Disco de estreia do Pearl Jam completa 30 anos

Em 27 de agosto de 1991 o Pearl Jam saía do anonimato para o hall das bandas de maior importância do rock mundial. Foi neste dia que chegou às lojas o álbum de estreia, “Ten”, álbum que se tornou uma referência para outros grupos que se formaram não só naquela época, como nos anos posteriores ao grunge.

Três décadas e dez discos depois, são ainda vários os segredos que rodeiam o disco. O primeiro destes mistérios, foi o custo de produção. Segundo o baixista, Jeff Ament, o disco custou “apenas” 25 mil dólares, valor considerado baixo até para um álbum que se tornou tão grandioso ao longo dos anos.

Outra curiosidade é a gravação de “Alive”. Os integrantes já haviam gravado uma demo desta canção em janeiro do mesmo ano, então na produção do disco, eles mantiveram a versão demo, acrescentando um novo solo do guitarrista Mike McCready, solo este que foi inspirado inclusive no feeling de Ace Frehley, do Kiss.

É pela voz e pelas letras do vocalista e compositor, Eddie Vedder, que passa muito da qualidade e seriedade das músicas da banda. O sentimento de cada frase cantada por Vedder ganhou ainda mais notoriedade com o passar dos anos. Neste disco de estreia, as letras essas eram fortemente inspiradas por tudo quanto rodeava (e ainda rodeia) o vocalista.

Um exemplo disso é “Oceans”, cujos versos foram escritos depois que ele acabou sendo impedido de entrar na sala de ensaios da banda por conta de chuvas intensas. À Seattle Sound, o músico recordou, em 2009, a história em torno desse tema. “Alguém me pediu para ir colocar mais umas moedas no parquímetro. Quando voltei, a porta estava trancada. Tudo o que conseguia ouvir era o baixo. Sempre que os ouvia parar [de ensaiar] batia à porta, tentando fugir à chuva; e enquanto isso não acontecia, pensava ‘ok, vou escrever algo'”. Não é essa a única curiosidade em torno desta música. A banda usou alguns objetos não musicais, digamos, como um moedor de pimenta e um extintor para fazer parte da percussão.

Já o hit “Even Flow” levou mais de 70 takes para ser finalizada. E ainda assim a banda não estava satisfeita com o material. “Tocamos esta música até nos odiarmos”, brincou McCready. E quanto ao sucesso “Black”, a banda contrariou a a gravadora Epic Records, responsável pela edição do álbum. Acabou nunca sendo lançada em single oficial do grupo, mas… a gente sabe que o público decidiu fazê-la um dos sucessos mesmo assim.

Quanto a capa, que ficou eternizada na memória dos grunges, a história também é icônica. Apesar de muitas pessoas acharem que as letras que formam o nome da banda foram colocadas posteriormente à fotografia em que surgem juntos fazendo sinal de vitória, a história não foi bem assim. As letras foram confeccionadas pelo baixista em tamanho real, especialmente para a foto da capa. Demais né?

Bem, os anos passaram e (assim como esta que voz escreve) “Ten” agora é balzaquiano. Em cada uma das faixas, ainda é possível entender a coerência e a vontade, aquele “sangue no olho” da banda, algo que eles deixavam bem claro também em suas apresentações ao vivo. Pois, mesmo que de forma tímida, há 30 anos este disco chegava às lojas e conquistava fãs. Assim mesmo, de forma espontânea. Em outubro de 1992, ganhou disco de ouro tendo ultrapassado o poderoso “Nevermind”, do Nirvana.

Não sei se teremos algo assim de novo na música, tão sincero, tão profundo e tão emocionalmente vulnerável sem ser piegas. Mas que o Pearl Jam conseguiu isso, é fato. Nada melhor do que celebrar a boa música.

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