Fundador dos Beach Boys e um dos maiores compositores da história da música, Brian Wilson morre aos 82 anos

A praia está de luto. Um dos maiores e mais inovadores nomes do estilo e da musica como um todo “quebrou o contrato” e deixou fãs e ouvintes com saudade dos tempos de Rock na praia e inovação vinda das mãos e da genialidade deste outrora jovem virtuoso. O lendário Brian Wilson, vocalista, musico e fundador dos Beach Boys, morreu nesta quarta-feira (11) aos 82 anos.

A informação foi confirmada nos perfis do cantor nas redes sociais. “É com o coração partido que anunciamos o falecimento do nosso querido pai, Brian Wilson. Estamos sem palavras neste momento. Por favor, respeitem nossa privacidade pois nossa família está de luto. Sabemos que estamos compartilhando nossa dor com o mundo.”, disse a família através de um comunicado.

O cantor estava enfrentando, recentemente, um “grave distúrbio neurocognitivo”, segundo seus empresários, semelhante à demência em 2024. Muito antes, no final dos anos 1960, Brian havia sido diagnosticado com esquizofrenia, o que o afastou por completo dos trabalhos da banda por um bom tempo, com retornos esporádicos. Ele também tinha problemas com sua saúde mental há mais de 50 anos mas os enfrentava firmemente e se apresentava ocasionalmente em shows de TV e apresentações abertas.

Wilson era considerado um dos maiores músicos e compositores da história, uma mente genial capaz de explorar sons e frases musicais com genalidade e sensibilidade únicas refletidas na mescla de psicodelia e praia dos Beach Boys nos tempos áureos. No catálogo de composições de Brian, estão clássicos do Rock sessentista que vão das empolgantes “Surfin’ U.S.A.” e “I Get Around”, melodias marcantes como “God Only Knows”, “Don’t Worry Baby” e “California Girls” e temas quase experimentalistas como “Good Vibrations” e “Heroes and Villains”.

A banda surgiu em 1961, na Califórnia, criada por Brian, seus irmãos Dennis e Carl, o primo Mike Love e o amigo Al Jardine, tendo mais tarde a chegada de Bruce Johnston. As harmonias vocais entre os integrantes e a identificação com o som praieiro característico da costa oeste dos EUA em particular são parte da marca registrada que os Beach Boys carregavam consigo em cada trabalho, desde o começo da jornada até os grandes picos de popularidade, nos anos 1960 e 1980.

A transição do som “de praia” para um Rock mais experimental e ainda colado com o frescor de mar norteou a banda até mesmo em períodos de ostracismo e complicações entre os integrantes. Mesmo aclamado como um álbum inovador – servindo de inspiração para o gigante “Sgt. Pepper’s Lonely Hearts Club Band” dos Beatles – o disco “Pet Sounds” de 1966 foi um fracasso comercial e o estopim para as divisões no grupo e o retiro de Brian, imerso em problemas psicológicos.

Retirado da música por um período, Brian começou a voltar aos holofotes apenas nos anos 1980 e suas aparições sempre eram muito celebradas como uma marca de um som que não mais teria igual no hall do Rock. Também eram tempos conturbados dos Beach Boys, com disputas juridicas e a morte do primeiro irmão e baterista do grupo, Dennis Wilson, vitimado por um afogamento em 1983 quando começava a também voar solo.

Ao mesmo tempo que os Beach Boys voltavam a evidência e enfrentariam a perda de Carl Wilson para um câncer, em 1998, Brian Wilson se lançada, de fato, em uma carreira solo muito celebrada e marcada por revisitas à sucessos inesquecíveis no tempo dos “garotos da praia” e o esperado lançamento de “Smile”, o mais ambicioso trabalho da carreira, em 2011. Foram 44 anos de atraso mas que compensaram por rever um pouco da genialidade marcante das composições de Brian naquele período.

No Brasil, Brian esteve apenas uma única vez na carreira, em 2004, quando fez shows para tocar as canções de “Smile” e sucessos clássicos. Ocasionalmente, juntava-se aos colegas de Beach Boys para apresentações que viravam verdadeiros épicos, além de participar da celebração de 50 anos do grupo, em 2012.

Um cidadão da música a frente de seu tempo, uma virtuosidade e inspiração únicas que ficaram impressas num dos nomes mais importantes do Rock em todos os tempos. A lembrança do talento de Brian Wilson fica também como exemplo a tantos que batalham contra os precausos da saúde mental, onde a saida para uma tempestade por ser árdua, mas a vitória de cada dia fica escrita com musica, positividade e, claro, boas vibrações sempre.

Hoje é dia de reverenciar e recordar na beira do mar, entre uma onda e outra, o som e o talento de Brian Wilson, que se vai como o vento marinho e as ondas do som que criou.

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