Silêncio no Reggae e nas ladeiras de Salvador (BA). O mundo da música despede-se de um gigante no ínicio da última semana de novembro de 2025, deixando um vácuo e uma obra indelével à todos os bons ouvidos. O cantor Jimmy Cliff, pioneiro do estilo que arrebataria nomes como Bob Marley, faleceu nesta segunda-feira (24) aos 81 anos, vítima de uma convulsão seguida de um quadro grave de pneumonia.
A confirmação da morte do cantor veio através de Latifa, esposa do artista, que utilizou o perfil oficial no Instagram para comunicar sobre o fato. Ela expressou gratidão aos amigos e fãs que acompanharam a brilhante trajetória do marido ao longo das décadas. “Sou grata à sua família, amigos, colegas artistas e companheiros de trabalho que compartilharam essa jornada com ele. A todos os seus fãs ao redor do mundo, saibam que o apoio de vocês foi sua força durante toda a carreira. Ele realmente valorizava cada fã pelo amor que recebia”.

Pioneiro absoluto, Jimmy Cliff (nascido James Chambers na paróquia de Sant James, Jamaica, em 1944) foi fundamental para exportar a cultura jamaicana para o resto do planeta. Ele quebrou barreiras e pavimentou o caminho para o reggae global muito antes do gênero dominar as paradas de sucesso, pavimentando caminho para a explosão do estilo nascido nas esquinas da Jamaica e tornado popular, sobremaneira, com a voz e a mensagem de paz de Bob Marley e de outros tantos continuadores.
Sua voz marcou gerações com sucessos estrondosos como “Reggae Night” e a inesquecível regravação de “I Can See Clearly Now”, de Johnny Nash. A canção ganhou status de hino motivacional ao integrar a trilha sonora do filme “Jamaica Abaixo de Zero” (1993), conectando o cantor a um novo público. Outros sucessos marcantes foram “Rebel In Me“, da trilha sonora da novela “Rainha da Sucata” (1990) e a original de “Going Back West” em 1973, regravada 11 anos depois pelos conterrâneos do Boney M.
Já a ligação de Cliff com o Brasil é algo tão umbilical quanto. Antes mesmo de explodir nas paradas mundiais, o cantor já esteve por aqui quase anonimamente disputando o Festival Internacional da Canção (FIC) de 1969. De lá para cá, foram várias visitas, shows ao vivo e pela TV, colaborações musicais com nomes como Olodum e Araketu e até um periodo de moradia em Salvador, incluindo uma filha brasileira – a cantora e atriz Nabiyah Be – fruto de seu relacionamento com a psicóloga brasileira Sônia Gomes.
O artista deixa a esposa e os filhos, Lilty e Aken, meio-irmãos de Nabiyah Be, além de uma legião de fãs e admiradores de seu som entre a celebração, o romance e a mensagem de paz e inspiração, típicos do Reggae que ajudou a plantar desde os primórdios.




