Compondo desde os 15, Carole King completa 81 anos hoje

Reportagem especial por Stephany Sander

Ao contrário da maioria dos cantores/autores mais famosos da sua geração – na casa dos 20 anos na década de 60 do século XX – Carole King (nascida em 9 fevereiro 1942) não iniciou a carreira artística com uma guitarra na mão e um repertório de canções folk apresentado nos cafés da Greenwich Village, em Nova Iorque, cidade onde nasceu e cresceu. Se para os seus pares esse repertório ganhava um forte sentido de intervenção social e política, fruto da situação que se vivia então nos Estados Unidos e um pouco por todo o mundo, King seguia o caminho oposto, ambicionando entrar no meio da música pop pela via comercial, embora sob uma forte influência da soul e do gospel.

Talentosa, ainda criança aprendeu a tocar piano e começou a escrever as suas próprias canções, a fazer os arranjos e a interpretá-las com um grupo de colegas da escola, ganhando experiência e confiança. Foi neste contexto que, aos 15 anos, começou a procurar uma editora discográfica que se interessasse pelas suas músicas, conseguindo efetivamente o primeiro contrato em 1958. A sua maturidade e energia fizeram o resto. Em breve escrevia canções para os artistas da sua etiqueta, em parceria com o letrista Gerry Goffin, co-criando inúmeros sucessos discográficos ao longo dos anos seguintes.

Desde o início da carreira King só tocava e cantava em estúdio, como autora/arranjadora de canções para outros interpretarem, recusando reiteradamente propostas que incluíssem atuações em público. Mas depois do primeiro encontro com James Taylor – com quem a empatia musical foi de tal forma avassaladora que ela descreve o momento “como se estivesse a tocar com uma extensão” de si própria – King acedeu a participar numa digressão dele como pianista da banda. Taylor, seis anos mais novo e um grande admirador do seu trabalho, não descansou enquanto não a convenceu a cantar uma música a solo num dos concertos, desencadeando assim o início da carreira a solo de Carole King, em 1970, mais de uma década depois de ela ter dado os primeiros passos como profissional.

São ao menos 400 canções escritas ou co-escritas por King com diferentes letristas. Entre os seus maiores sucessos discográficos figuram vários em n.º 1 das tabelas, como Will you love me tomorrow? (1961, The Shirelles), The Loco-Motion (1962, Little Eva, a baby-sitter do casal King/Goffin) ou It”s too late (1971, C. King). Outros êxitos incontornáveis do seu catálogo são Chains (The Cookies, 1962, que teve no ano seguinte uma versão dos Beatles), ou A Natural Woman, com que Aretha Franklin, em 1967, deixou a sua marca inconfundível no património musical americano.

Mas talvez a canção que melhor tem sobrevivido à passagem do tempo é You”ve got a Friend, letra e música de Carole King, por ela gravada no álbum Tapestry na mesma altura em que Taylor a gravava em single – com alguns dos músicos comuns às duas distintas e carismáticas interpretações – a dela recebendo o Grammy de Canção do Ano e a dele o Grammy da Melhor Interpretação Vocal Masculina, alcançando o n.º 1 das tabelas de vendas. Tapestry (1972) é considerado o seu LP de referência, tendo recebido os Grammys de Álbum do Ano e de Melhor Interpretação Vocal Feminina, com vendas de mais de 25 milhões de exemplares.

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